sexta-feira, 15 de maio de 2015


Perdidamente

Florbela Espanca
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
 É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
 É ter de mil desejos o esplendor
 E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de ouro e de cetim...
 É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim
 E dizê-lo cantando a toda a gente!

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