terça-feira, 17 de maio de 2016

carta de mar

"Teu, para sempre, encantadora dama, enquanto a máquina deste corpo me pertencer."

(Hamlet) Cena II, Ato II

diz-me, por que tem de ser assim? qual revolta de asa voltando-se.. ou revolta. qual ensaio falho de um sorriso acabrunhado.. um lapso, até! tal fosse uma outra mera ilusão. diz-me da tua parte que te renega o próprio ventre.. que te apega aos sonhos alheios de outras poças que não te compreendem. que não te podem ser e ver! diz-me dessa tua ignorância fingida em não notar o lado dessa tua grandeza excessiva.. o teu espaço mediante à tua fome, então.. diz-me da tua partida. destas águas ilhadas de si. qual inferno perante-ato ao rumo de não achar-se a pertencer.. diz-me onde te param os pés! onde te comovem os teus olhos mareados qual te fosse este, o teu próprio nome. diz-me da tua rebeldia insana em não querer ser feliz.. dessa onda farta de tristeza nefasta a reinar-te em letras afogadas de mágoa.. diz-me da tua mágoa! grita.. esperneia e diz horrores, mas..

diz.
aos diabos, todos eles!!
aos letreiros dos cegos e burros, ora.. não te são, mar..
eles, todos eles..
não
te
são.

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