sábado, 10 de setembro de 2016


janelas fechadas
e, eu caindo na desmemória
já pouco volta ao calor do meu olhar
as pessoas amadas são lembranças
de negro azuladas, como violinos nas trevas
tempo fantasma é assim que me ensombras e me levas...
em cada degrau da imaginação
vive uma ou outra recordação,
desdobro um sorriso
vivendo como papoila abrindo-me ao ar,
na estreiteza do medo
de num só golpe a morte me arrancar.

a face retida na prisão do tempo
tantos sonhos acabados de quebrar
viver sem si mesmo, quem pode festejar?
o tempo disparou a flecha, quebrou a força
da m'alma comovida,
sitiou-me a vida entre uma lágrima e outra
dos meus olhos esburacados
talhados, para serem a flor do teu olhar
devastados por poder ser ou já não ser
e na inquietude do sonho ousar despertar

espelho de mim que ao de leve me toca
para recolher o resto da flor que é nostalgia
não ouvirá um gemido da minha boca
que atormentada, vai ficando de palavras vazia.

natalia nuno

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