quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Os meus versos

Florbela Espanca



         Rasga esses versos que eu te fiz, Amor! Deita-os ao nada, ao pó ao esquecimento,              Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
        Que a tempestade os leve aonde for! Rasga-os na mente, se os souberes de cor,
        Que volte ao nada o nada dum momento. 
        Julguei-me grande pelo sentimento,
        E pelo orgulho ainda sou maior!... 
        Tanto verso já disse o que eu sonhei! Tantos penaram já o que eu penei! 
        Asas que passam, todo o mundo as sente...
       Rasga os meus versos... 
       Pobre endoidecida! Como se um grande amor cá nesta vida Não fosse o mesmo amor           de toda a gente!

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