Os meus versos
Florbela Espanca

Rasga esses versos que eu te fiz, Amor! Deita-os ao nada, ao pó ao esquecimento, Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
Que a tempestade os leve aonde for! Rasga-os na mente, se os souberes de cor,
Que volte ao nada o nada dum momento.
Julguei-me grande pelo sentimento,
E pelo orgulho ainda sou maior!...
Tanto verso já disse o que eu sonhei! Tantos penaram já o que eu penei!
Asas que passam, todo o mundo as sente...
Rasga os meus versos...
Pobre endoidecida! Como se um grande amor cá nesta vida Não fosse o mesmo amor de toda a gente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário