Amo...
as pedras, os astros e o luar que beija as ervas do atalho escuro,Amo as águas de anil e o doce olhar dos animais, divinamente puro.Amo a hera que entende a voz do muro e dos sapos, o brando tilintarDe cristais que se que se afagam devagar,E da minha charneca o rosto duro.Amo todos os sonhos que se calamDe corações que sentem e não falam,Tudo o que é Infinito e pequenino!Asa que nos protege a todos nós!Soluço imenso, eterno, que é a vozDo nosso grande e mísero Destino!...No desequilíbrio dos mares, as proas giram sozinhas...Numa das naves que afundaram é que certamente tu vinhas.Eu te esperei todos os séculos sem desespero e sem desgosto,e morri de infinitas mortes guardando sempre o mesmo rostoQuando as ondas te carregaram meu olhos, entre águas e areias,cegaram como os das estátuas, a tudo quanto existe alheias.Minhas mãos pararam sobre o ar e endureceram junto ao vento,e perderam a cor que tinham e a lembrança do movimento.E o sorriso que eu te levava desprendeu-se e caiu de mim:e só talvez ele ainda viva dentro destas águas sem fim.
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