quarta-feira, 21 de agosto de 2013


  
Amo... 
 

 as pedras, os astros e o luar que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar dos animais, divinamente puro.
Amo a hera que entende a voz do muro e dos sapos, o brando tilintar
De cristais que se que se afagam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.
Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!
Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!...
No desequilíbrio dos mares, as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes guardando sempre o mesmo rosto
Quando as ondas te carregaram meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas, a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva dentro destas águas sem fim.
  

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