Singeleza é ouvir a voz do sino
E sentir alegria.
É desejar o sol em noite alta
E trocar a noite pelo dia.
Achar na folha seca uma esperança
De vida a renascer
No vento que sacode a poeira
Ao fim do entardecer.
Decidir agarrar-se a esta vida.
Jamais querer morrer.
E com a chuva que cai de vez em quando,
De novo, renascer.
Imaginar que Deus mora entre os homens
E dá-nos sua luz:
O Filho que morreu, que ressurgiu,
O Salvador Jesus.
Singeleza é o peito de mulher
Dar vida a um infante.
E a doce voz da alma sossegar
Um peito soluçante.
É ver a fria pedra tumular,
O sinal mais cruento da partida,
E entender que na morte um homem vive:
Dinâmica da vida.
Singeleza é dizer, inda menino,
Palavras de amor
Sem perceber que na vida uma paixão
Antecede uma dor.
É encantar-se com a juventude
Que um dia vai murchar,
Vai perecer no galope da existência
Pra nunca mais voltar.
Sorrir todo o sorriso duma boca
Na gratidão do ser,
Do viver, do amar, do produzir,
Do lembrar, do esquecer.
Do dormir, quando a noite é um lençol,
E de novo acordar.
De poder nas turbulências desta vida
Coisas boas sonhar.
Singeleza é ouvir uma criança
Vez primeira falar
“Papá”, “mamã”, com a graça divina
E nunca mais calar.

Jair Simão – Projeto “Alma do Mundo”
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