Tesouro
Uma cândida cerva me surgiu
sobre o verde gramado – os cornos de ouro –,
entre dois riachos, à sombra de um louro,
na estação fria, mal o sol se abriu.
Tão doce em mim tal vista se imprimiu,
que por segui-la toda lida ignoro,
como o avarento em busca de um tesouro,
tanto assim meu tormento se evadiu.
“Ninguém ouse tocar-me” – escrito havia
no colo, entre topázios e diamantes,
“que eu fosse livre César ordenou”.
Já o claro sol chegava ao meio-dia,
quando eu, de olhos absortos, ignorantes,
escorreguei para a água, e ela escapou.
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